quinta-feira, 23 de maio de 2013

- Dualidade -



"Olhe para baixo!"
Gritam comigo e eu obedeço.

"Olhe para baixo!"
Tudo que eu posso ver são meus pés.

"Décimo-quarto dia. Resumindo... Qual é o seu nome?"
"Robson", eu respondo um pouco incerto.

Algo me atinge a nuca e eu fico desorientado até ouvir a mesma pergunta.
"Qual é o seu nome?"

Nesse momento eu já não sei o que responder, entretanto, eu percebo apenas uma coisa.
Só consigo perceber que as trevas dele jamais engoliriam as que existem dentro de mim.

Uma enorme onda elétrica se apossa de meu corpo e a voz perturbadora retorna;
"Eu vou lhe fazer essa pergunta apenas mais uma vez; Qual é o seu nome?"

"Jack...", eu respondo ainda confuso pela onda elétrica.
Nesse momento eu sinto outra onda, mas não era elétrica...

Era uma onda de medo e desespero que tomaram meu corpo.
Eu não sou Jack! Porque eu respondi aquilo?

Eu afundo em desespero procurando por resposta...
Mas sempre sou sugado de volta para o mundo sem a resposta.

Meus olhos parecem estar mais vivos, mais energizados.
Que ironia, não? Num momento de desespero, eu me sentir mais vivo...

Talvez o desespero tenha se tornado parte de mim, mas eu não pude pensar mais, fui interrompido.
"Porra, me diga o seu nome de uma vez por todas!"

Finalmente eu percebi que não havia dito uma palavra se quer até agora.
Eu estava preso na minha dualidade de Robson e Jack. Preso em minha doce insanidade.

Eu disse; "Nomes não são importantes. São apenas títulos desnecessários."
Ele disse para alguém que eu desprezava minha própria identificação.

Abaixei meu rosto e ri um pouco pensando naquilo que ele havia dito.
Ele pediu para que eu levantasse meu rosto pois minha imagem era importante.

Eu novamente ri e o respondi; "Meu rosto também não é importante."
Foi quando ele finalmente entendeu que eu não ligava nem para mim mesmo.

"Niilismo negativo", foi assim que eu fui julgado, mas ele me deu uma chance de falar..
Eu expliquei que; "Nada e ninguém nesse mundo importavam, além do meu plano."

O meu plano eu não revelei e nem nunca irei revelar.
Mas isso criará um mundo feliz e melhor para todos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário