Eu estou sempre deitado.
Deitado em meu leito de morte.
É engraçado como a vida passa diante de seus olhos.
Diante de seus olhos em uma velocidade absurda como uma navalha.
A morte, para mim, já se tornou algo aceitável.
Aceitável e comum, quase como tomar meu café da manhã.
Meu trabalho era consertar o mundo.
O mundo está sujo e apenas poderia ser consertado através da força.
Meu instrumento de força é o meu canivete.
Canivete esse que tornava o chão, o leito de morte da escória do mundo.
Minha lâmina permanece afiada.
Afiada como a minha língua, prestes a responder alguém na mesma altura.
Preparei meu coração para o que aconteceria.
Aconteceria, talvez, o inesperado, mas mesmo assim, eu deveria estar preparado.
Eu só não estaria preparado para uma coisa.
Coisa essa era minha própria morte.
Deitado eternamente, esperando a morte.
A morte chegou e me pegou em meu leito de morte.
Não há nenhum sinal de amor por mim.
Amor por mim é algo que não existe mais, se tornou algo obsoleto.
Eu continuo fugindo dela, mas nisso há um paradoxo.
Paradoxo esse que é o fato de eu ainda a seguir, observando cada movimento da sombra dela.
Paradoxo esse que é o fato de eu ainda a seguir, observando cada movimento da sombra dela.
Eu a amo, mesmo em meu leito de morte.
Mesmo em meu leito de morte, eu a amo.
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